Foto: Polícia Civil (Divulgação)
Local da prisão no município de Guarabira, interior da Paraíba.
O homem suspeito de liderar o ataque cibernético que derrubou os sistemas do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJRS) foi preso na manhã desta terça-feira (22) em Guarabira, no interior da Paraíba. A prisão preventiva foi cumprida durante a Operação Negazione, deflagrada pela Delegacia de Polícia de Repressão aos Crimes Cibernéticos do Rio Grande do Sul (DPRCC), com apoio da Polícia Civil da Paraíba.
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Conforme a investigação, o suspeito, que utilizava o codinome “Federal” e símbolos da Polícia Federal para esconder sua identidade, foi apontado como mentor e executor do ataque ao sistema eletrônico de processos judiciais (Eproc), ocorrido em março deste ano. Na ocasião, o cibercriminoso coordenou uma invasão que derrubou a plataforma e o site do TJRS, deixando os serviços indisponíveis e prejudicando o andamento de processos no Estado.
Segundo a Polícia Civil, o ataque foi transmitido em tempo real por um canal na deep web – área da internet que não está disponível publicamente, e só pode ser acessada com navegadores específicos. O suspeito também oferecia transferências via Pix como incentivo para recrutar outros hackers e usuários na execução da ação criminosa, caracterizada como coordenada e de grande escala.
As apurações revelaram que o hacker utilizou uma botnet – uma rede de computadores ou dispositivos infectados com vírus cibernéticos e controlados por um invasor, conhecido como "bot herder" – com mais de 2 mil dispositivos infectados, espalhados em vários países, para realizar o ataque de negação de serviço (DDoS). Esse tipo de ofensiva sobrecarrega servidores com acessos simultâneos até causar a queda dos sistemas.
Além da prisão preventiva, foram cumpridos sete mandados de busca e apreensão em endereços da Paraíba, autorizados pela Vara Regional de Garantias de Porto Alegre. Dispositivos eletrônicos, mídias de armazenamento e documentos foram apreendidos e serão analisados para identificar possíveis cúmplices e conexões com outros ataques semelhantes no Brasil.
A Polícia Civil gaúcha destacou a importância da integração entre as forças de segurança dos dois Estados para combater crimes cibernéticos de grande impacto. A operação reforça o alerta das autoridades sobre o aumento desse tipo de delito no país, especialmente contra instituições públicas e sistemas do Poder Judiciário.
Os materiais apreendidos seguem em análise, e novos desdobramentos da investigação devem ser divulgados nos próximos dias.